FERNANDO VAZ
Fernando Vaz, criado e formado no União FE, teve a sua primeira experiência fora do Clube Ferroviário, em Santa Cita. Paulo Beirante que conhece muito bem este jovem técnico convidou-o à dois anos para orientar a equipa Juvenil do Clube, e logo para o Nacional da categoria. Não poderia ter sido melhor estreia com a equipa leonina a passar à segunda fase do Nacional, feito inédito no Sporting de Tomar.
Mais uma época a orientar a formação Juvenil do Clube, com presença no Nacional fruto da classificação do Regional, com uma prestação deveras meritória se atendermos à exiguidade do plantel, mas ao que parece de saída, deixa uma marca indelével no Clube, na breve passagem pelo Sporting.
- FERNANDO, TERMINADA A ÉPOCA DESPORTIVA, QUAL O BALANÇO FINAL DA PRESTAÇÃO DA EQUIPA DE JUVENIS LEONINA?
FV- Penso que é um balanço muito positivo, atingimos o objectivo principal que era o de estar presentes no nacional da modalidade e nesse mesmo nacional não desiludimos ninguém lutando taco a taco com todos os adversários e com todas as nossas armas disponíveis. No campeonato distrital fomos a melhor equipa da nossa associação, embora na final four tivéssemos estado uns furos abaixo das nossas capacidades. Foi um dia em que nada nos correu bem, mas que em nada belisca o excelente distrital que realizamos. No campeonato nacional faltou-nos sempre mais qualquer coisa e também um pouco mais de sorte em alguns jogos que viemos a perder sem o ter merecido. Se me perguntares se estou satisfeito eu desde já te digo que não, pois ao nível do hóquei sou insatisfeito por natureza e procuro sempre mais, principalmente quando vejo que podia ter tido mais mas que por este ou aquele factor não foi possível alcançar uma melhor prestação. Mas estou muito contente com a prestação dos jogadores, embora alguns pudessem ter dado mais pois têm qualidade para isso, e gostei muito da evolução de outros que desde já garantem mais qualidade para o futuro.
- DOIS ANOS COM A CAMISOLA VERDE E BRANCA, E DOIS NACIONAIS NO BORNAL. O 1.º FRUTO DO ANTERIOR ENQUADRAMENTO COMPETITIVO, MAS ESTE ANO FOI POR MÉRITO, EMBORA TENHA SIDO SÓ NA ÚLTIMA JORNADA QUE SE GARANTIU A PRESENÇA. DE QUALQUER FORMA MAIS QUE MERITÓRIA. COMO CORREU O NACIONAL?
FV- Eu sabia que este campeonato nacional iria ser mais equilibrado que o da época passada, pois não tinha uma equipa que se destaca-se mais das outras, tornando assim todos os erros e todas as falhas mais decisivas nas contas finais. Foi isso que veio a acontecer, principalmente nos jogos em casa onde os nossos adversários aproveitaram sempre os nossos erros e onde nós mais falhamos ao nível da finalização. Com equipas tão equilibradas todos os pormenores faziam a diferença e nós não fomos capazes de ser uma equipa muito consistente ao longo do campeonato. De qualquer forma os jogadores lutaram por todos os jogos até final e prova disso é os resultados que alcançamos e que mostram o equilíbrio que houve em todo o campeonato. Os jogos em casa vieram a ditar a nossa prestação no nacional. Se queremos ter ambições nestas provas não podemos perder pontos em casa. Mas estou contente com a prestação da equipa, embora ambicionasse mais.
- O ESCALÃO DE JUVENIS FOI TALVEZ O ESCALÃO ONDE A ESCASSEZ DE ATLETAS FOI MAIS NOTÓRIO. COMO FOI GERIR UM PLANTEL COM ESSAS E OUTRAS CARÊNCIAS, E PARA MAIS A DISPUTAR UM NACIONAL?
FV- Não foi nada fácil e a nossa prestação no nacional a muito se deve a isso. O ritmo dos jogos no nacional obrigava a que houvesse mais soluções no banco para se conseguir manter o nível de jogo e assim atingir melhores resultados. Em muitos jogos chegamos a jogar com 5 jogadores de campo, o que nesta competição é escasso para o nível de jogo apresentado. Também ao nível do treino se torna muito difícil, pois não conseguimos preparar os jogos da melhor maneira possível e mesmo ao nível da motivação dos atletas é necessário um maior trabalho. De qualquer maneira os jogadores estiveram muito bem na sua entrega aos jogos e aos treinos, revelando um bom espírito de grupo e de sacrifício pela equipa e só desta forma foi possível alcançar os resultados que conseguimos e que são manifestamente positivos.
- TENDO UMA FORMAÇÃO HOQUISTICA DOUTRO HISTÓRICO RIBATEJANO, O UNIÃO FE, COMO FOI A VIVÊNCIA VISTA POR DENTRO, NO SC TOMAR?
FV- O SC Tomar recorda-me muito o UFE do meu tempo, em que se trabalhava muito bem na formação e onde os resultados falavam por si. Já no meu tempo o UFE conseguiu, tal como o SCT, colocar vários escalões nos nacionais, inclusive em dois anos consecutivos colocou os quatro escalões na prova maior de jovens. Isto só é possível de alcançar fruto do trabalho de muita gente, de muita dedicação, muita carolice, muitas horas perdidas com o clube e onde a família muitas das vezes fica para trás. A juntar a tudo isto é necessário um quadro de técnicos de qualidade que saibam dar aos nossos jovens a formação mais correcta dentro e fora de campo, para que todo o esforço e dedicação despendido pelas várias pessoas que constituem o clube seja recompensado. O SCT neste momento continua a ser o clube, ao nível do Ribatejo, que melhor personifica estas ideias e onde melhor se trabalha ao nível da formação. O torneio internacional que o SCT organizou é prova disso. Foi dos torneios que vi até hoje com mais qualidade e com um nível de organização excelente. As equipas presentes foram de grande qualidade e proporcionaram ao muito público presente grandes jogos de hóquei patins.
- A FORMAÇÃO DO CLUBE É UMA PEDRA FUNDAMENTAL NA SECÇÃO JUVENIL DO SC TOMAR. QUAL A TUA OPINIÃO SOBRE O TRABALHO QUE SE ESTÁ A REALIZAR NO CLUBE?
FV- O SCT realiza um trabalho muito bom ao nível da formação e os resultados que apresenta época após época falam por si. Esses resultados não seriam possíveis se o clube não fosse organizado e não trabalhasse bem na formação. Até ao nível nacional o SCT começa a querer sobressair e a dar cartas, pois em dois anos consecutivos colocou as suas equipas nas oito melhores nacionais, coisa que nenhum clube ao nível do Ribatejo tinha até então alcançado. Quanto a mim só há uma coisa que os responsáveis do clube devem de definir e de pensar com muita seriedade: Qual o objectivo da formação? O SCT não pode continuar a fazer formação para depois serem os outros clubes a beneficiar com isso. O clube tem de apostar mais nos jogadores que produz, caso contrário a formação deixa de fazer grande sentido. Infelizmente, neste capítulo, a história do clube fala por si, e dos grandes jogadores que o clube tem formado, que me lembre, apenas aproveitou o Pedro Nobre e o Jorge Godinho e já lá vão uns anos bons. Com as dificuldades que os clubes têm hoje em dia a formação é fundamental para a sustentação do clube e da sua equipa sénior.
- COMO VISTE A PRESTAÇÃO DAS EQUIPAS LEONINAS, NO SEU TODO, ESTA ÉPOCA QUE AGORA FINDA?
FV- Ao nível da formação o clube conseguiu colocar nos nacionais 3 das suas 4 equipas, o que foi muito bom. Conseguiu colocar mais uma vez uma equipa no top 8 nacional e fazer uns bons campeonatos nacionais, embora ache que poderíamos ter feito mais nos escalões de juvenis e juniores, pois temos jogadores com qualidade para fazer melhor, ou pelo menos para lutar pela segunda fase do nacional até à última jornada do campeonato. No cômputo geral os objectivos traçados foram quase todos alcançados, o que torna esta época muito positiva e motivante para sucessos futuros. Uma palavra também para os mais pequenos do SCT que vão ser de certeza o futuro do clube e um futuro com muita qualidade pois existem nessas equipas muitos bons atletas, fruto do excelente trabalho dos seus técnicos. Ao nível sénior não podia ter corrido melhor, conseguiu alcançar o topo máximo do hóquei patins depois de ter estado tão perto nos anos anteriores. Estão de parabéns os jogadores e a sua equipa técnica que muito trabalhou para esse objectivo. Espero que se mantenha por muitos e bons anos na 1ª divisão, dando assim também uma maior projecção do clube, o que vai de certeza trazer mais jovens a querer praticar a nossa modalidade e motivar ainda mais os que já lá andam.
FV- Infelizmente a minha vida profissional não me vai permitir assumir um compromisso a tempo inteiro com o hóquei patins como vinha fazendo até agora. Quem me conhece sabe que quando assumo uma coisa é para leva-la até ao fim e como não estou em condições de assumir isso, prefiro não me comprometer para depois ter que falhar com a minha palavra. É uma decisão que me custa tomar, mas espero que não seja um adeus mas sim um até breve.
- PARA TERMINAR, QUERO AGRADECER A DISPONIBILIDADE PARA O OKJUVTOMAR, E DESEJAR-TE AS MAIORES FELICIDADES.
FV- Obrigado eu e desde já aproveito também para agradecer a todas as pessoas que trabalharam comigo e para mim, de maneira a que estas duas épocas ao serviço do SCT fossem tão positivas tanto ao nível do clube como pessoal. Agradecer a maneira como fui recebido e tratado por todos dentro do clube, deixando desde já aqui a certeza de continuar a seguir a minha modalidade, tendo agora mais um clube no meu coração. Aos meus jogadores desejar as maiores das felicidades, tanto pessoais como desportivas, dando-lhes a certeza de que para mim foi uma satisfação muito grande ter contribuído para a sua formação como atletas e como homens que um dia irão ser. Um grande abraço a todos e até breve.
1 comentário:
Para mim, que trabalhei com ele em Santa Cita sendo ele jogador, e agora na 1ªfase no Sporting Tomar,só posso dizer excelente.
Só tenho pena que alguns não tenham aproveitado o bom que o Fernando queria transmitir, quem aproveitou melhor, quem não aproveitou, futuramente vai arrepender-se.
Porque não é so de hóquei, que um trenador fala,não é só de hóquei que um treinador ensina, basicamente e por vezes têm que ser algo mais, o Fernando sabia houvir os problemas dos jogadores, e até lhes dava concelhos,que depois seriam bem ou mal interpretados.
para finalizar,destes Á MUITO POUCOS,e os que temos por vezes deixamos fugir.
FERNANDO da minha parte,tudo de bom para o que faças.
ABRAÇO
ERNANI BATISTA
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